quinta-feira, 31 de março de 2011

Pesquisas ligam tabagismo a risco aumentado de câncer de garganta e estômago



Se você está pensando em parar de fumar, o faça quanto antes: uma nova pesquisa descobriu que os fumantes enfrentam um risco aumentado de determinados tipos de câncer de garganta e de estômago, mesmo anos depois de parar de fumar.

Os dois tipos de câncer, conhecidos como adenocarcinomas, são relativamente raros nos países ocidentais. Os riscos são normalmente maiores em outros lugares, especialmente nos países menos desenvolvidos.

Mas, nas últimas décadas, as taxas desses cânceres aumentaram nos EUA e na Europa, possivelmente relacionadas ao crescimento das taxas de obesidade. Fumar é considerado um fator de risco para os dois tipos de câncer.

Os pesquisadores italianos combinaram os resultados de 33 estudos anteriores. Na maioria deles, os cientistas compararam um grupo relativamente pequeno de pacientes com tumores no esôfago ou na cárdia gástrica (uma parte do estômago) a um grupo sem câncer. Em três estudos, os pesquisadores tinham seguido grandes grupos de adultos ao longo do tempo, monitorando novos casos de cânceres cárdia gástricos ou esofágicos.

Eles concluíram que os fumantes em geral eram mais de duas vezes mais propensos que os não-fumantes a desenvolver câncer, seja no esôfago ou na cárdia gástrica. O risco diminuiu depois que as pessoas pararam de fumar, mas era ainda 62% maior em ex-fumantes do que em não-fumantes ao longo da vida. Em alguns dos estudos, o risco de câncer de esôfago permaneceu elevado mesmo quando as pessoas já tinham parado de fumar há três décadas.

Os novos resultados são extremamente importantes. Segundo os pesquisadores, parar de fumar é altamente benéfico em qualquer idade, mas parece que para esses cânceres o risco diminui muito lentamente.

Ainda assim, a pesquisa não prova que fumar causa adenocarcinoma de esôfago ou cárdia gástrico. Para isso, os pesquisadores teriam que propositalmente expor algumas pessoas a anos de tabaco para ver o que acontece ao longo do tempo, o que, por razões éticas (e justas), é impossível.

Além disso, o problema com o tabagismo parece ser mais abrangente. Segundo a Sociedade Americana do Câncer, o americano médio tem 1 chance em 200 de desenvolver qualquer tipo de câncer de esôfago ao longo da vida, e 1 chance em 114 de desenvolver alguma forma de câncer de estômago.

Em comparação, as chances de desenvolver câncer de pulmão são 1 em 13 para homens, e 1 em 16 para mulheres, contando fumantes e não-fumantes. Os fumantes, é claro, teriam um risco muito maior ao longo da vida.

Câncer de pulmão, doenças cardíacas e outros males são numericamente mais importantes que os cânceres de esôfago e cárdia gástrico quando se trata das consequências do tabagismo na saúde.

De qualquer forma, os riscos reais observados neste estudo oferecem mais um motivo para os fumantes largarem o vício, e para os não-fumantes nunca passarem perto dele.

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