domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cientistas encontram nuvens parecidas com a da Terra em uma das luas de Saturno



Cientistas tiveram uma surpresa recentemente: no nevoeiro denso da maior lua de Saturno, Titã, nuvens branco-pérola muito semelhantes às encontradas na Terra foram vistas.

As nuvens de metano e etano foram observadas por telescópios terrestres e por uma sonda da NASA atualmente em órbita ao redor de Saturno.

A lua não tem nada a ver com a Terra. A neblina asfixiante em Titã, uma vez descrita como petróleo bruto, sem enxofre, esconde cada pedaço da superfície da lua, fazendo-a parecer uma grande bola suja e laranja.

Desde 1980, missões detectaram indícios de que nuvens tênues de gelo poderiam se esconder na estratosfera de Titã, a segunda camada mais baixa da atmosfera da lua. Agora, através de um espectrômetro infravermelho, os cientistas confirmaram a existência de finas nuvens feitas de gelos exóticos em Titã, semelhantes às nuvens cirros da Terra.

A atmosfera de Titã por muito tem intrigado os cientistas, especialmente porque alguns dos produtos químicos orgânicos encontrados dentro dela podem estar relacionados com os acontecimentos que levaram à vida na Terra. As novas descobertas lançam uma luz sobre o ciclo de vida misterioso destes compostos.

As temperaturas extremamente baixas necessárias para criar os gelos nestas nuvens ocorrem em profundezas da estratosfera da lua. As nuvens foram localizadas no norte, o que os cientistas suspeitam que seja pela necessidade de um hemisfério frio.

Após verificarem também o hemisfério sul e ambos os lados do equador, os pesquisadores detectaram que essas nuvens são encontradas em todas as três localidades da lua também, embora as nuvens no norte sejam três vezes mais abundantes.

Os pesquisadores acreditam que uma mistura de hidrocarbonetos ou de composto de hidrocarboneto-nitrogênio, conhecida como nitrila, sobe na atmosfera e é movida para baixo por um fluxo constante de gás do pólo no hemisfério mais quente para o mais frio. Os vapores orgânicos simplesmente condensam conforme descem.

As nuvens, à primeira análise, pareciam totalmente diferentes das da Terra. Mesmo que se ignore seus componentes exóticos, elas se formam na estratosfera, que é muito mais alta do que a troposfera, onde quase todas as nuvens da Terra são formadas.

Ainda assim, a Terra tem algumas nuvens polares estratosféricas que aparecem sobre a Antártida, e às vezes no Ártico, durante o inverno. Estas nuvens se originam no ar excepcionalmente frio que fica preso no centro do vórtice polar, um vento feroz que chicoteia em torno do pólo na estratosfera, e onde buraco de ozônio da Terra se encontra.

A Titã tem seu próprio vórtice polar e pode até ter um papel no buraco de ozônio da Terra. Ou seja, os cientistas estão começando a descobrir o quão semelhantes são as nuvens de Titã e do nosso planeta.

Um dos próximos passos da pesquisa é descobrir por que a atmosfera de Titã tem metano, sendo que as nuvens caem na superfície, um “beco sem saída.

Uma boa chance de compreensão dessas novas nuvens virá em 2017, quando o verão chega ao norte e o sul da lua mergulha no inverno. Nesse caso, haverá uma inversão completa na circulação de gás, que deve começar a fluir do norte para o sul, e que deve significar que a maioria das nuvens de gelo estará no hemisfério sul.

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